Minerais críticos

A transição energética mundial está reformulando o cenário da mineração. Com o aumento da produção de veículos elétricos, turbinas eólicas e baterias de alto desempenho, cresce também a necessidade de minerais considerados essenciais para essa nova economia, conhecidos como minerais críticos.

O lítio, as terras raras, o cobre, a grafite e o cobalto passaram de simples matérias-primas técnicas a ativos geopolíticos. Quem tem, cuida; quem não tem, procura. E o Brasil se destaca cada vez mais como um possível protagonista nessa busca por recursos estratégicos.

Segundo o relatório Mineral Commodity Summaries: Rare Earths, publicado pelo U.S. Geological Survey em janeiro de 2025, o Brasil ocupa a segunda posição mundial em reservas de terras raras, elementos essenciais para a produção de baterias, dispositivos eletrônicos e tecnologias de eletrificação. Apesar desse potencial expressivo, o país ainda está construindo o caminho necessário para transformar essas reservas em oportunidades reais.

Esse debate ganhou força nos últimos meses. Por exemplo, o BNDES começou a investir com mais intensidade em projetos de mineração focados na transição energética. Ademais, espera-se que haja uma política nacional específica para lítio, grafite e outros insumos relacionados à nova economia sustentável. É evidente que os obstáculos não são simples. A estrutura regulatória do Brasil continua sendo complexa, o ambiente de negócios demanda maior previsibilidade e há uma necessidade urgente de assegurar que esse progresso aconteça com consideração às comunidades locais e ao meio ambiente. O beneficiamento local, cadeias de valor mais completas e inovação tecnológica são elementos essenciais para essa equação.

Não se trata apenas do desenvolvimento de um setor, mas de uma chance concreta de o Brasil assumir uma posição de liderança.

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Debora Cristina de Resende

Colunista

Graduanda em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Minas Gerais e Técnica em Mineração pelo Instituto Federal de Minas Gerais. Atua na área de segurança de barragens desde 2023, com ênfase no monitoramento e na conformidade com a legislação vigente.

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