Inovações tecnológicas na mineração

A mineração é um dos pilares da economia global, responsável por recursos essenciais para indústrias como energia, construção e tecnologia. No entanto, seu impacto ambiental sempre foi um desafio significativo.

Neste cenário, a aplicação de inovações tecnológicas no setor de mineração tem proporcionado avanços significativos na eficiência operacional, sustentabilidade ambiental e segurança do trabalho, trazendo uma transformação significativa ao setor à medida que tecnologias emergentes são incorporadas às rotinas operacionais e ambientais. Em um contexto em que a sustentabilidade e a conformidade legal devem andar juntos, a inovação tecnológica desponta como uma aliada estratégica para otimização de processos e garantia de um desempenho ambiental mais robusto.

A Inteligência Artificial e o Big Data estão revolucionando a exploração mineral. Com algoritmos avançados, é possível analisar grandes volumes de dados geológicos, prever a localização de jazidas com maior precisão e reduzir a necessidade de explorações invasivas.

No geoprocessamento, há também o uso de drones, o qual é um ótimo investimento para a integração de soluções tecnológicas que otimizem processos e visem a redução de impactos ambientais. Eles têm se mostrado extremamente eficazes em diversas frentes, como a extração de curvas de nível para fins topográficos, garantindo maior precisão nos levantamentos e economia de tempo nas etapas de planejamento, e monitoramento de áreas com supressão vegetal, possibilitando uma análise detalhada da ocupação do solo e da conformidade com a legislação ambiental. Outro uso importante é na identificação de problemas na lavra, como erosões, instabilidades nas frentes de lavra e falhas na operação, o que permite uma atuação mais rápida e assertiva das equipes responsáveis.

Dessa forma, a tendência é de que as empresas adotem soluções avançadas de monitoramento automatizado e sensoriamento remoto para controle ambiental, como estabilidade geotécnica de pilhas de rejeito/estéril, qualidade do ar e de drenagem de recursos hídricos em áreas operacionais. Sistemas baseados em IoT oferecem respostas ágeis e precisas frente a situações de risco, além de possibilitarem um monitoramento contínuo e em tempo real.

Outro avanço importante é a adoção de energias renováveis na mineração. Grandes empresas estão substituindo combustíveis fósseis por fontes limpas, como solar, eólica e hidrelétrica, reduzindo drasticamente sua pegada de carbono. Nesse sentido, outro ponto de atenção é a gestão de resíduos sólidos, que tem evoluído com a integração de plataformas como o Sistema MTR da FEAM e o SINIR, um inventário nacional de resíduos, garantindo rastreabilidade e maior controle sobre a geração, transporte e destinação dos resíduos, em total alinhamento com normativas como a Deliberação Normativa COPAM nº 232/2019 e a Portaria MMA nº 280/2020.

No campo dos efluentes e de recursos hídricos, processos de recirculação com tratamento físico-químico têm proporcionado um uso mais eficiente da água, minimizando sua captação e o descarte de efluentes em corpos receptores. Tecnologias como filtração, flotação e uso de polímeros de origem natural são aplicadas para remover sólidos em suspensão e reduzir a carga poluente dos efluentes industriais. Em paralelo, o controle de emissões atmosféricas, especialmente a emissão de material particulado gerado na operação de máquinas e equipamentos e o próprio tráfego interno de veículos, bem como a atividade de extração nas frentes de lavra, é realizado por meio de sistemas de aspersão otimizados, caminhões-pipa para umectação das vias de acesso e enlonamento de cargas nos veículos.

Por fim, a biotecnologia está revolucionando a recuperação de áreas mineradas. Técnicas como o uso de microrganismos e plantas hiperacumuladoras ajudam a descontaminar solos e acelerar a regeneração ambiental, oferecendo soluções mais eficientes e menos agressivas do que os métodos convencionais. Essas medidas, somadas à adoção de softwares de modelagem preditiva, gestão automatizada de risco e sistemas de inteligência geotécnica, consolidam a chamada “Mineração 4.0”, que alia desempenho operacional e responsabilidade socioambiental.

Como resultado, observa-se um avanço significativo na capacidade das mineradoras em atender condicionantes ambientais e melhorar seus indicadores ESG. A tendência é que, cada vez mais, as empresas adotem ferramentas digitais e automação para alcançar níveis mais altos de desempenho e conformidade ambiental, garantindo viabilidade econômica ambiental das operações.

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Isabella Rossi Silva

Engenheira Ambiental

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