Transformação Digital na Mineração

A mineração está em meio a uma ampla revolução tecnológica. Desde a extração até o beneficiamento e a logística, praticamente todas as etapas da cadeia produtiva estão sendo impactadas por tecnologias digitais, enquanto cresce a pressão por custos mais baixos, segurança, maior eficiência ambiental e transparência.

Segundo estudo da McKinsey & Company, a digitalização dos setores de metais e mineração, se bem implementada, pode gerar saltos de produtividade e criar novas fontes de valor operacional. Dados recentes apontam, ainda, que o mercado global de “mineração digital” está projetado para crescer em torno de 9,8 % ao ano entre 2024-2030, passando de cerca de US$ 8,5 bilhões em 2023 para US$ 18,1 bilhões em 2030 (Grand View Research).

Nesse contexto, tecnologias como Internet das Coisas (IoT), sensores embarcados, veículos autônomos, análise de dados em tempo real, IA e gêmeos digitais (digital twins) não são mais experimento de laboratório, tornaram-se pilares estratégicos para empresas que desejam se manter competitivas e alinhadas com as exigências de ESG. Por exemplo, a McKinsey destaca que essas tecnologias possibilitam melhor compreensão da mina, otimização do fluxo de materiais e equipamentos, antecipação de falhas e operações mais eficientes (McKinsey & Company).

Além da eficiência operacional, há impacto direto nas dimensões ambientais, sociais e regulatórias. A digitalização permite monitoramento em tempo real de parâmetros críticos como emissões de gases, consumo de energia, segurança de barragens e consumo hídrico, requisitos cada vez mais exigidos por investidores, sociedade e órgãos reguladores. Um artigo recente observa que mais de 80% das empresas do setor dizem estar desenvolvendo ou já têm estratégia de IoT para mineração (globalminingreview.com).

Outra tendência em ascensão é a adoção de soluções digitais para sustentabilidade, como gêmeos digitais para monitoramento de barragens ou impacto ambiental, blockchain para rastreabilidade da cadeia de suprimentos minerais, realidade aumentada para treinamento de operadores e IA para detecção precoce de riscos operacionais ou ambientais. Essas práticas, além de atenderem exigências regulatórias, reforçam a licença social para operar e contribuem para a imagem positiva das empresas junto a comunidades e investidores.

Conclusão

O futuro da mineração sustentável está diretamente ligado à capacidade das empresas de incorporar tecnologia digital de forma inteligente e integrada. As operadoras que conseguirem combinar automação, análise de dados, digitalização de processos e atenção à sustentabilidade estarão em posição de vantagem competitiva.

O desafio não é apenas técnico, mas estratégico e cultural: integrar a digitalização como parte central da governança, da responsabilidade ambiental, social e corporativa. Para o setor mineral no Brasil e no mundo, a mensagem é clara: ser digital será tão essencial quanto extrair minério.

Leia também: Aproveitamento de Rejeitos e Estéreis: O Novo Paradigma da Mineração Sustentável

Gustavo Nascimento

Graduado em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Lavras - UFLA (2021) e cursando MBA em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo - USP/ESALQ, vivência na área de consultoria ambiental desde 2021, onde atuou como consultor ambiental no Grupo Executor de Serviços Ambientais - GESA. Atualmente ocupa o cargo de Coordenador de Projetos Técnicos na Campello Castro Mineração e Meio Ambiente. Durante a formação acadêmica participou da Preserva Júnior, empresa Júnior do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFLA, nos cargos de consultor de projetos e equipe de negócios, onde foi possível colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas disciplinas, por meio da prestação de serviços a clientes. Além disso, realizou o estágio acadêmico na multinacional Marluvas Equipamentos Profissionais, no cargo de estagiário ambiental.

× WhatsApp